31 de jul. de 2010

A idiotice é vital para vida, por Arnaldo Jabor!




SEJA UM IDIOTA
Arnaldo Jabor 

A idiotice é vital para a felicidade.
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
hahahahahahahahaha!...
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.
Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!


28 de jul. de 2010

Dia dos Pais...como presentear?




Como presentear no Dia dos Pais?
Içami Tiba

Os pais poderiam pedir de presente que seus filhos lhe ensinassem a utilizar o Orkut.
A maioria dos filhos não sabe o que dar de presente aos seus pais. Como presentear um homem que já tem tudo? Mesmo que soubesse, não teria dinheiro para comprá-lo. Assim, o Dia dos Pais acaba sendo uma grande armação familiar, mesmo que seja com a melhor das intenções.
Como escolher um presente? Quanto mais primitiva for uma pessoa, mais ela presenteia com o que ela gosta ou que lhe é mais útil. Para que serve um livro para quem não gosta de ler ou vinho para quem não bebe?
Há pessoas que presenteiam com o que ganharam, com o que não gostaram ou não lhes serviu, ou mesmo com o que compraram, arrependeram-se e não tiveram como devolver. Melhor do que dar "este presente" seria doá-lo a alguma entidade beneficente. Para toda panela pode se encontrar uma tampa.

Racionalismo presente

O presente do Dia dos Pais pode não ter muita graça aos pais muito práticos, espartanos, racionais, materialistas, que não valorizam o afeto, o cuidado e o carinho que envolve o presente.
"Pai, me dá um dinheiro para comprar o seu presente!". Esse é um pedido que alguns pais não gostam de ouvir dos filhos. "Ele poderia disfarçar ou enfeitar a verdade", pensa. Então, o pedido pode sofrer uma hierarquização, isto é, ir primeiro para a mãe que depois, encaminha para o pai.
Outras mães já vão poupando um dinheirinho para situações de aperto, como pagar professor particular - já que muitas vezes o pai nem pode saber que o filho está tomando aulas particulares. Essas mães são verdadeiras administradoras e economistas do lar, mesmo as que trabalham fora.
Um pai pode pensar: "Tenho cu que dar dinheiro ao meu filho para ele me comprar um presente? Eu já tenho muito mais do que preciso. Essa data não passa de um comércio". É ele quem compra para todos, em todas as datas comerciais, mas não quer nada para si?

Presenteie com conhecimento

Muitos pais reclamam que não têm tempo para acompanhar o crescimento dos filhos e participar mais da vida deles como gostariam. Mas nem os filhos têm tempo de compartilhar suas descobertas com seus pais como gostariam. Mas como eles conseguem estar por dentro de tudo o que acontece com os seus amigos e colegas? Pelo Orkut, MSN, por blogs, etc.
Um pai que pede de presente que seu filho lhe ensine como lidar com a internet, estará satisfazendo a todos. Dessa forma, o filho passa a ser o professor de seu próprio pai, e o pai é quem aprende em casa o que lhe vai ser útil, agregando valores em sua profissão, nos seus relacionamentos interpessoais, na família, etc.
Há pais que, por temer invadir a privacidade dos filhos, acabam sendo negligentes. Mas há filhos que andam por caminhos inadequados - a começar por seus amigos virtuais -, e excluem quem está mais próximo, que são seus próprios pais. Por sua vez, esses mesmos pais poderiam ser mais participativos no cotidiano de seus filhos. E para isso, nada mais adequado que participar de suas vidas virtuais.
Um torpedo na hora adequada, um recado no Orkut e até uma palavra no blog valem tanto quanto compartilhar de uma vitória no tênis, e podem valer muito mais do que a tão sonhada "conversa entre pai e filho" ou mesmo que um presente material que ele talvez nem venha a usufruir.


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26 de jul. de 2010

O professor está doente?



Profissão: professor. Diagnóstico: estresse
Gisele Rech
Problema é mais grave do que parece. Sem professores, alunos podem perder parte do ano letivo.


Diz o ditado popular que o trabalho dignifica o homem. Porém, em alguns casos, ele também pode causar estresse ou trazer distúrbios psicológicos. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), profissões como médico e professor, estão entre as mais desgastantes, de modo que entre esses profissionais, a incidência de afastamento por recomendação médica é significativa.
Entre os professores, o contato direto com o público, no caso com os alunos, é o agravante para a deflagração de doenças psicossomáticas. "Lidar com outras pessoas, com o grau de responsabilidade de um professor, pode ser muito desgastante", diz a psicóloga Rosa Endo.
O aumento cada vez mais significativo de casos de afastamento de professores por problemas psicológicos, segundo a profissional, está diretamente ligado à mudança cultural em sala de aula. "A dinâmica educacional mudou e os alunos já não mantêm o mesmo respeito que tinham em relação ao professor em outros tempos. Está mais difícil para eles lidarem com os estudantes, cujos limites se perderam", acredita.
Porém os alunos mal comportados não são os únicos causadores dos problemas psicológicos em professores. O excesso de trabalho também conta pontos para o desgaste mental. "É um reflexo da remuneração insuficiente. Para ganhar mais, alguns professores dão aulas em duas ou mais escolas. Pior que isso, muitas vezes não têm uma válvula de escape, momentos de lazer."
No caso dos professores, os problemas mais comuns são o estresse e a Síndrome de Burnout, que se resume na desmotivação em continuar no magistério. "Esses problemas existem há um bom tempo, mas hoje estão em maior evidência."
Os reflexos dos males psicológicos podem se traduzir em agressividade excessiva, descontrole emocional ou depressão. "No caso do estresse, a manifestação de sintomas pode vir no corpo, como dores-de-cabeça, dores pelo corpo ou no estômago."
Uma vez diagnosticado o problema, não há saída senão o afastamento do professor para o tratamento, que pode ser apenas através de terapia ou se estender, em casos mais graves, para atendimento psiquiátrico, com medicação. "Depende de cada caso, mas o tratamento é sempre necessário, sob o risco de agravamento caso não haja intervenção."

Prevenção
Como em todos os males físicos ou psicológicos, a prevenção é o ideal. Muitas escolas têm desenvolvido momentos de pausa para ginástica laboral, porém a saída mais eficiente, segundo a psicóloga, é tentar buscar locais alternativos para as aulas. "Com a agenda cheia, dificilmente os professores conseguem uma pausa. O interessante é mudar de ambiente, o que também ajuda a tornar os alunos mais interessados. Porém, tudo depende da disciplina ministrada."

Prevenção desenvolvida pela Prefeitura de Curitiba
O programa Saúde Mental, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Curitiba, caminha na filosofia que prega que é melhor prevenir do que remediar. Segundo o médico-ocupacional Paulo Coelho, os números de professores da rede municipal de ensino não fogem aos números da população comum, mas há um trabalho para que eles sejam cada vez menores.
"Quanto maior o número de afastamentos, mais onerosa a reposição, pois o professor afastado continua recebendo, mas faz-se necessário a contratação de substitutos. É uma situação extremamente complicada", diz.
Através do programa, é repassado aos professores os sintomas do estresse e métodos de como lidar com ele, especialmente como se previnir, antes que se torne um mal maior. Ele foi desenvolvido pelo departamento responsável pela saúde no trabalho, existente na prefeitura desde 1973, vinculado à Secretaria Municipal de Recursos Humanos.
"Temos fichas de dados anualmente para fazer o monitoramento das doenças, físicas ou psicológicas, de todos os trabalhadores. A partir daí, sabemos onde devemos trabalhar mais forte e desenvolver frentes que possam combater esses problemas", diz o coordenador do departamento, Edevar Daniel. Segundo o médico Paulo Coelho, o nível de afastamento de professores por questões de ordem psicológica é de 15% a 20%, mas não há como especificar os motivos exatos desses males.
"A maior parte dos casos é estresse ou depressão, mas não há como precisar que a causa seja, de modo específico, decorrente da profissão de professor, pois trata-se de problemas multifuncionais. Mas não há como negar que o fato de lidar com crianças pode ser estressante", explica.
Trocando em miúdos, há a possibilidade do problema vir da sala de aula, mas a vida que o professor leva fora das salas de aula também pode ser agente deflagrador do problema. "Uma pessoa que não tem nenhum hobby ou lazer para que se possa desligar do trabalho, tem tendências a desenvolver estresse. O descanso é natural e benéfico para qualquer profissional", diz Coelho.
Além do programa de conscientização saúde mental, a Prefeitura incentiva a prática de atividades através do Curitiba Ativa e incentiva a pausa para a ginástica laboral, entre uma aula ou outra.

FONTE:  


25 de jul. de 2010

Um pouco de Paulo Freire.


Verdades da Profissão de Professor.
Paulo Freire

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data (dia do professor) é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.

24 de jul. de 2010

Palmada educa?



Só um tapinha não dói. Será?
Confira o que diz a especialista sobre pais que insistem em bater nos filhos no lugar de educar
Rita Calegari

Quem quando criança não tomou um tapa dos pais? Eu tomei alguns, até porque era uma criança comportada e não dava muito trabalho. Também tinha tanto medo que meus pais me batessem que criava o menor número de situações possíveis para ganhar esse tipo de castigo. Mas eu confesso: fiz muita coisa escondida – algumas até perigosas – sem que eles desconfiassem. Funciona assim, quando usamos a ameaça no lugar do diálogo.
Um tapa educa? Duvido. Se bater educasse, o mundo já seria um lugar muito melhor.
O tapa intimida, dá medo, mostra quem é o mais forte. Bater reprime, não educa. Bater encurta a conversa – mata a possibilidade de que o diálogo exista. Bater cala a boca da discussão e desperta a mágoa.
Educar é ter trabalho. É suor e insistência. Educar não toma atalhos, nem abrevia conversas. Educar as estimula. Quando educamos, preparamos a criança para ser um cidadão. Um cidadão que fará parte da sociedade e deve contribuir para que essa seja um lugar mais justo e digno. Para que a sociedade seja assim, respeitar a autonomia, fazer o bem e justiça são valores necessários. A bioética discute esses valores há anos. Na escola, seu filho já deve ter ouvido falar disso. E, em casa, ele estará ouvindo sobre o quê? Se você acha que se educa uma pessoa com castigo corporal, seu filho está aprendo a intolerância, a injustiça, a brutalidade. Quando ele crescer, vai usar essas ferramentas para resolver seus problemas e conflitos com mais facilidade que uma criança que aprendeu o valor do diálogo.
O tapa faz pela educação o que a repressão faz na natureza. Impede com uma barreira o curso de um rio. Ele será contido num primeiro momento, mas sua força se acumulará e, no tempo devido, o rio se revoltará e destruirá a barreira. Com os filhos é igual. Você pode reprimir – porque eles são pequenos, vulneráveis e frágeis - e pode ser relativamente fácil e rápido. Mas saiba que você está postergando o problema para o futuro. A criança cresce. E na adolescência, fase natural de questionamentos, a criança tratada com repressão possivelmente vai se revoltar contra seus opressores.
Não tenha pressa para educar. Invista em atitudes que possam frutificar no futuro. Mostre ao seu filho que, apesar do seu tamanho e força, você escolhe usar a inteligência. Nessa relação, o respeito mostra a ele o que o medo jamais ensinará: a confiar nos pais.

*Rita Calegari é psicóloga do Hospital São Camilo (SP) e há 15 anos ouve em seu consultório histórias de adultos e crianças.

21 de jul. de 2010

Justiça Restaurativa, você conhece? LEIA!!



O que é Justiça Restaurativa?

A Justiça Restaurativa é um novo modelo de Justiça voltado para as relações prejudicadas por situações de violência. Valoriza a autonomia e o diálogo, criando oportunidades para que as pessoas envolvidas no conflito (autor e receptor do fato, familiares e comunidade) possam conversar e entender a causa real do conflito, a fim de restaurar a harmonia e o equilíbrio entre todos. A ética restaurativa é de inclusão e de responsabilidade social e promove o conceito de responsabilidade ativa. É essencial à aprendizagem da democracia participativa, ao fortalecer indivíduos e comunidades para que assumam o papel de pacificar seus próprios conflitos e interromper as cadeias de reverberação da violência.
O principal objetivo do procedimento restaurativo é o de conectar pessoas além dos rótulos de vítima, ofensor e testemunha; desenvolvendo ações construtivas que beneficiem a todos. Sua abordagem tem o foco nas necessidades determinantes e emergentes do conflito, de forma a aproximar e co-responsabilizar todos os participantes, com um plano de ações que visa restaurar laços sociais, compensar danos e gerar compromissos futuros mais harmônicos.
Seus valores fundamentais são: participação, respeito, honestidade, humildade,interconexão, responsabilidade, empoderamento e esperança. Estes valores distinguem a justiça restaurativa de outras abordagens mais tradicionais de justiça como resolução de conflitos, e se traduzem na prática do Círculo Restaurativo.

Práticas Restaurativas

As práticas restaurativas compreendem um conceito ampliado de justiça, e, assim, transcendem a aplicação meramente judicial de princípios e valores da Justiça Restaurativa. Além do campo da justiça institucional, as reflexões propostas pelo modelo Restaurativo permitem visualizar e reconfigurar a forma como atuamos nas atividades judicativas que exercemos quotidianamente, em nossos relacionamentos, nas instâncias informais de julgamentos, em ambientes como a família, escola ou trabalho.
Por isso, embora partindo do âmago do Sistema Jurídico e confrontando concretamente as práticas da Justiça Institucional, os princípios e métodos da Justiça Restaurativa podem ser estendidos aos mais diversos campos de aplicação, revelando grande potencial na resolução de conflitos e pacificação social.

Justiça Democracia e Cultura de Paz

Pacificar conflitos e tensões sociais gerados por posicionamentos divergentes ou comportamentos transgressores é um desafio do nosso tempo, marcado pela utilização desmedida da violência como estratégia de resolução de problemas.
Debater a forma, a justificação e a eficácia das estratégias que o Sistema de Justiça Institucional opera como resposta às infrações penais significa discutir o próprio modelo de democracia e de cultura em que estamos inseridos.
Por isso a discussão da Justiça como prática social propõe reflexões que interessam não somente ao aperfeiçoamento da Justiça Institucional - aquela que opera formalmente a incidência da ordem jurídica, mediante o processo judicial, impondo as sanções previstas para os atos infracionais.
Tais questões são relevantes para toda e qualquer instância da sociedade na qual onde tomam decisões e, portanto, se exerce poder. E, de forma especial, interessam ainda mais às instâncias mais ou menos formais, mas não necessariamente judiciais, onde se exercem a resolução de conflitos e a tomada de decisões a respeito de comportamentos transgressores.
Isso porque a qualidade mais ou menos pacífica ou violenta, democrática ou autoritária, emancipatória ou controladora como exercemos a Justiça no âmbito institucional será sempre um reflexo dos valores culturalmente aceitos e praticados na sociedade. E vice e versa

 
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16 de jul. de 2010

Um pouco de POESIA...


Os Filhos
Do Livro "O Profeta", de Gibran Kahlil Gibran

'Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."

E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável'
 
FONTE: http://www.paralerepensar.com.br/gibran.htm

15 de jul. de 2010

Conselho Escolar participativo? É possível!



Como formar um conselho escolar atuante

A participação da comunidade no conselho escolar é essencial para a gestão compartilhada e a melhoria da qualidade do ensino
Camilo Gomide  e Verônica Fraidenraich

O cenário era conturbado quando Marilene da Silva Santos assumiu a direção da EMEF Armando de Andrade, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, em 2000. Os índices de repetência e evasão eram preocupantes e a escola sofria com depredações. Para resolver esses problemas, Marilene contou com o apoio do conselho escolar, que estava sendo formado naquele ano por orientação da Secretaria Municipal de Educação.
A tarefa mais difícil para a gestora foi convencer os pais dos alunos a participar. Algumas poucas mães se candidataram ao cargo e foram referendadas em eleição. Na primeira reunião, Marilene expôs a situação da escola e o grupo decidiu visitar a família dos alunos que mais faltavam e dos que tinham baixo desempenho. "Alguns receberam bem nossos representantes. Outros, ao contrário, batiam a porta na cara deles e não escutavam", conta a diretora.
Isso não fez o conselho desanimar. Ao contrário, foi necessário pensar em outras maneirde se aproximar (estando mais presente na escola e conversando com os pais em oportunidades diversas). Aos poucos, a confiança da comunidade foi sendo conquistada e os resultados do trabalho começaram a aparecer. O índice de evasão, graças à visita às residências, caiu de 3%, em 2000, para 1%, em 2009, e o de repetência, de 8,8 para 4,2%, no mesmo período. Hoje, passados dez anos de existência, os membros do conselho se tornaram parceiros indispensáveis da direção. Eles participam de diversas atividades da escola, desde a elaboração e o acompanhamento do projeto político pedagógico (PPP) até projetos didáticos, como o de incentivo à leitura, em que são convidados para contar histórias para as crianças do 1º ano.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), 70,65% das escolas estaduais tinham conselhos escolares em 2004. Hoje, apesar de não ser obrigatória sua formação (a não ser em cidades em que há uma legislação específica), estima-se que eles existam na maioria das instituições públicas. O fomento à criação desses colegiados surgiu com a proposta de gestão democrática da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, e faz parte das metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), de 2007.
O objetivo do conselho escolar é assegurar a participação da comunidade no processo educacional, auxiliando e apoiando a equipe gestora em questões administrativas, financeiras e pedagógicas. Ele atua de forma consultiva, deliberativa, normativa ou avaliativa, segundo a orientação do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares do MEC, de 2004. Entre as principais atribuições estão coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do regimento da instituição, garantir a participação da comunidade escolar na elaboração do PPP e acompanhar a evolução dos indicadores educacionais da escola (leia no quadro abaixo dicas para ter um conselho efetivo).

Participação efetiva
Possíveis ações dos gestores

- Realize reuniões em horários adequados
A maior parte dos pais trabalha. Por isso, agende os encontros em horários que todos possam participar.

- Entregue o estatuto escolar aos conselheiros
O documento será útil para que o grupo entenda como funciona uma escola.

- Explique as atribuições do órgão
No primeiro encontro, explique como funciona o conselho e quais são suas funções.

- Capacite os conselheiros
Pais e funcionários costumam ficar inibidos para tratar de assuntos pedagógicos com profissionais da Educação. Tanto o MEC como algumas Secretarias de Educação promovem cursos de capacitação para novos conselheiros.

- Promova encontros regulares
As reuniões devem ser mensais e agendadas no início do ano para que todos possam se programar.

- Estabeleça objetivos
Para evitar improvisos, defina com o grupo as metas que devem ser alcançadas a cada semestre.

- Dê espaço para todos
Estimule os representantes de cada segmento a manter um diálogo com seus representados e, nas reuniões, ouça o que todos têm a dizer.

- Organize encontros com outros conselhos
A troca de experiências ajuda na busca de soluções para os problemas comuns.


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13 de jul. de 2010

Zigmunt Bauman...saiba mais!



A fragilidade dos laços humanos
Gioconda Bordon

O título do livro do sociólogo polonês Zigmunt Bauman é sugestivo e, sobretudo, apropriado para um sentimento que não se submete docilmente a definições. Professor emérito de sociologia nas Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra, ele tem vários livros traduzidos para o português, e o tema recorrente em sua obra são os vínculos sociais possíveis no mundo atual, neste tempo que se convencionou denominar de pós-modernidade.
A noção de liquidez, quando se refere às relações humanas, tem um sentido inverso ao empregado nas relações bancárias, a disponibilidade de recursos financeiros. A liquidez de quem tem uma conta polpuda no banco, acessível a partir de um comando eletrônico é capaz de tornar qualquer desejo uma realidade concreta. É um atributo potencializador. O amor líquido, ao contrário, é a sensação de bolsos vazios.
É preciso deixar claro que Bauman não se propõe a indicar ao leitor fórmulas de como obter sucesso nas conquistas amorosas, nem como mantê-las atraentes ao longo do tempo, muito menos como preservá-las dos possíveis, e às vezes inevitáveis, desgastes no decorrer da vida a dois. Não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas, nunca houve. Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de mercadorias falsificadas.
A área de estudo principal de Bauman é a sociologia, o campo do pensamento que vai ser o ponto de partida e o foco fundamental do retrato sobre a urgência de viver um relacionamento plenamente satisfatório dos cidadãos pós-modernos. Digamos que as dificuldades vividas por um casal refletem o estilo que uma comunidade mais ampla estabelece como padrão aceitável de relacionamento entre seus vizinhos, entre os que habitam um espaço comum. Bauman é realista. Sabe que “nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente, escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social”. Portanto, partindo do seu campo específico de estudo, ele faz uma radiografia das agruras sofridas pelos homens e mulheres que têm que estabelecer suas parcerias no mundo globalizado.
Mundo que ele identifica como líquido, em que as relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento. Em seus livros anteriores, já traduzidos e disponíveis para o leitor brasileiro, Bauman defende a idéia de que esse processo de liquefação dos laços sociais não é um desvio de rota na história da civilização ocidental, mas uma proposta contida na própria instauração da modernidade. A globalização, palavra onde estão contidos os prós e os contras da vida contemporânea e suas conseqüências políticas e sociais, pode ser um conceito meio difuso, mas ninguém fica imune aos seus efeitos. A rapidez da troca de informações e as respostas imediatas que esse intercâmbio acarreta nas decisões diárias; qualidades e produtos que ficam obsoletos antes do prazo de vencimento; a incerteza radicalizada em todos os campos da interação humana; a falta de padrões reguladores precisos e duradores; são evidências compartilhadas por todos os que estão neste barco do mundo pós-moderno. Se esse é o pano de fundo do momento, ele vai imprimir sua marca em todos as possibilidades da experiência, inclusive nos relacionamentos amorosos. O sociólogo Zygmunt Bauman mostra como o amor também passa a ser vivenciado de uma maneira mais insegura, com dúvidas acrescidas à já irresistível e temerária atração de se unir ao outro. Nunca houve tanta liberdade na escolha de parceiros, nem tanta variedade de modelos de relacionamentos, e, no entanto, nunca os casais se sentiram tão ansiosos e prontos para rever, ou reverter o rumo da relação.
O apelo por fazer escolhas que possam num espaço muito curto de tempo serem trocadas por outras mais atualizadas e mais promissoras, não apenas orientam as decisões de compra num mercado abundante de produtos novos, mas também parecem comandar o ritmo da busca por parceiros cada vez mais satisfatórios. A ordem do dia nos motiva a entrar em novos relacionamentos sem fechar as portas para outros que possam eventualmente se insinuar com contornos mais atraentes, o que explica o sucesso do que o autor chama de casais semi-separados. Ou então, mais ou menos casados, o que pode ser praticamente a mesma coisa. Não dividir o mesmo espaço, estabelecer os momentos de convívio que preservem a sensação de liberdade, evitar o tédio e os conflitos da vida em comum podem se tornar opções que se configuram como uma saída que promete uma relação com um nível de comprometimento mais fácil de ser rompido. É como procurar um abrigo sem vontade de ocupá-lo por inteiro. A concentração no movimento da busca perde o foco do objeto desejado. Insatisfeitos, mas persistentes, homens e mulheres continuam perseguindo a chance de encontrar a parceria ideal, abrindo novos campos de interação. Daí a popularidade dos pontos de encontros virtuais, muitos são mais visitados que os bares para solteiros, locais físicos e concretos, onde o tête à tête, o olho no olho é o início de um possível encontro. Crescem as redes de interatividade mundiais onde a intimidade pode sempre escapar do risco de um comprometimento, porque nada impede o desligar-se. Para desconectar-se basta pressionar uma tecla; sem constrangimentos, sem lamúrias, e sem prejuízos. Num mundo instantâneo, é preciso estar sempre pronto para outra. Não há tempo para o adiamento, para postergar a satisfação do desejo, nem para o seu amadurecimento. É mais prudente uma sucessão de encontros excitantes com momentos doces e leves que não sejam contaminados pelo ardor da paixão, sempre disposta a enveredar por caminhos que aprisionam e ameaçam a prontidão de estar sempre disponível para novas aventuras. Bauman mostra que estamos todos mais propensos às relações descartáveis, a encenar episódios românticos variados, assim como os seriados de televisão e seus personagens com quem se identificam homens e mulheres do mundo inteiro. Seus equívocos amorosos divertem os telespectadores, suas dificuldades e misérias afetivas são acompanhadas com o sorriso de quem sabe que não está sozinho no complicado jogo de esconde-esconde amoroso.
A tecnologia da comunicação proporciona uma quantidade inesgotável de troca de mensagens entre os cidadãos ávidos por relacionar-se. Mas nem sempre os intercâmbios eletrônicos funcionam como um prólogo para conversas mais substanciais, quando os interlocutores estiverem frente a frente. Os habitantes circulando pelas conexões líquidas da pós-modernidade são tagarelas a distância, mas, assim que entram em casa, fecham-se em seus quartos e ligam a televisão.
Zygmunt Bauman explica que hoje “a proximidade não exige mais a contigüidade física; e a contigüidade física não determina mais a proximidade”. Mas ele reconhece que “seria tolo e irresponsável culpar as engenhocas eletrônicas pelo lento, mas constante recuo da proximidade contínua, pessoal, direta, face a face, multifacetada e multiuso”. As relações humanas dispõem hoje de mecanismos tecnológicos e de um consenso capaz de torná-las mais frouxas, menos restritivas. É preciso se ligar, mas é imprescindível cortar a dependência, deve-se amar, porém sem muitas expectativas, pois elas podem rapidamente transformar um bom namoro num sufoco, numa prisão. Um relacionamento intenso pode deixar a vida um inferno, contudo, nunca houve tanta procura em relacionar-se. Bauman vê homens e mulheres presos numa trincheira sem saber como sair dela, e, o que é ainda mais dramático, sem reconhecer com clareza se querem sair ou permanecer nela. Por isso movimentam-se em várias direções, entram e saem de casos amorosos com a esperança mantida às custas de um esforço considerável, tentando acreditar que o próximo passo será o melhor. A conclusão não pode ser outra: “a solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar um terreno doméstico comum”.
Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman, mostra-nos que hoje estamos mais bem aparelhados para disfarçar um medo antigo. A sociedade neoliberal, pós-moderna, líquida, para usar o adjetivo escolhido pelo autor, e perfeitamente ajustado para definir a atualidade, teme o que em qualquer período da trajetória humana sempre foi vivido como uma ameaça: o desejo e o amor por outra pessoa.
O mais recente título do sociólogo polonês, que recebeu os prêmios Amalfi (em 1989, pelo livro Modernidade e Holocausto), e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra), é uma leitura precisa e eloqüente, um convite a uma reflexão aberta não apenas aos estudantes e interessados em trabalhos acadêmicos. O seu texto claro, apesar de fortemente estruturado numa erudição consistente, não deixa de abrir espaço para o leitor comum, interessado em compreender como as estruturas sociais e econômicas dos tempos atuais, tentam dar conta da complexidade do amor que, com a permissão de citá-lo mais uma vez, é “uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável”.
Nota do Editor
Ensaio gentilmente cedido pela autora. Publicado no caderno "Fim de Semana", da Gazeta Mercantil, em 31 de julho de 2004
 
 
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10 de jul. de 2010

Educação e Pós-modernidade.


FAMÍLIA, ESCOLA E PÓS-MODERNIDADE.
Jaqueline Oliveira.
Supervisora/Orientadora Educacional.

Uma questão bastante presente e preocupante na escola da atualidade é o grande número de crianças agressivas, estressadas e ansiosas, em sua maioria com situações de dificuldades na aprendizagem. Estas demandas estão intimamente relacionadas com a estrutura familiar e com estrutura social da pós-modernidade. Segundo Bauman, sociólogo Polonês, nossa sociedade sofre um momento de liberdade, mas ao mesmo tempo de insegurança. Este processo acelerado de individualização e desapego ele denomina de “Modernidade Líquida‟ (2001). Assim como a maioria das pessoas, os pais estão preocupados com inúmeras atividades assumidas e conseqüentemente sem tempo, sendo que poucos são aqueles que têm disponibilidade para atender seus filhos. Para Bauman, a manipulação das relações sociais encontra-se cada vez mais gerada pelo consumo. Mesmo as mais intensas relações afetivas – amizades, namoros, casamentos – são comprometidas pelo consumo como ideal do agir social moderno-líquido. O outro passa a ser benéfico enquanto oferece satisfação, e desnecessário ao fim da utilidade, sendo visto como objeto de consumo. As relações humanas acabam sendo construídas pelo consumo e, como eles próprios, se tornam imagem do consumo, terminando por originar uma fluidez, uma efemeridade cada vez mais exacerbada nos relacionamentos humanos. (BAUMAN, 2004; 2006).
Toda esta insegurança e superficialidade nas relações enfrentadas pelas famílias frente às intensas modificações sociais acabam por enfraquecer os laços entre seus membros, gerando crianças/adolescentes mais inseguros, insatisfeitos, inconstantes e influenciando diretamente nas relações destes com seus pares. A falta de tempo dos pais na família moderna diminui a interação entre seus membros empurrando os pais para um sistema de auto-cobrança e, ao mesmo tempo, de cobrança excessiva dos filhos, impelindo os pais a compensarem o tempo gasto fora de casa de diferentes maneiras, principalmente através do consumo. A criança, exposta cada vez mais cedo a estas demandas, acaba interagindo de maneira mais precoce frente às situações e sujeitos, desenvolvendo habilidades diferenciadas e nem sempre positivas. Esta precocidade pode provocar stress, pois o organismo reage diante de situações muito difíceis ou muito excitantes. E o stress é causador de muitas dificuldades na vida diária, incluindo na aprendizagem. Perspectivas muito elevadas exprimem grandes desapontamentos, que acabam por danificar a auto-estima. Elas findam com o vigor e a criança começa a ter empenho e curiosidade aquém, ocasionando desgaste e desinteresse. Tanto por fontes internas quanto externas o stress pode provocar: brigas ou separação dos pais, responsabilidades em demasia, disciplina confusa por parte dos pais, confusões na escola, entre outras. A depressão, a ansiedade, o medo entre outros são situações internas causadoras do stress.
A escola e a família necessitam organizar-se e compartilhar responsabilidades no intuito de amenizar estas demandas diárias e promover aprendizagens mais efetivas. Ajuizar sobre os valores e afetos que fazem a diferença humana nas relações escolares no dia-a-dia é refletir sobre a edificação de uma escola mais eqüitativa e solidária e de uma família mais unida e comprometida. Vale citar Menezes (2000, p.13) e suas perspectivas sobre a educação, “A boa educação é aquela que promove gostosamente a diferença humana, preparando para a vida”. Ao trabalharem unidas, família e escola estarão colaborando para que o educando desenvolva todas as suas capacidades e possibilidades, de forma que se sinta livre para aprender e criar, trazendo experiências mais significativas e prazerosas para sua vida.

REFERÊNCIAS:

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
______. Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
______. Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.
______. Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.
BIDDULPH, Steve. Quem vai educar seus filhos? Traduzido por Vera Whately. São Paulo: Fundamento, 2003.
DELVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FILHO, Bendito José de Carvalho. Marcas de família: travessias do tempo. São Paulo: Annablume, 2000.
MENEZES, Luís Carlos. Os Novos Rumos da Educação. Revista Impressão Pedagógica. Campinas. São Paulo: Gráfica Expoente. v. 9, n. 21, mar.-abr. 2000.


9 de jul. de 2010

Recreio na escola: espaço democrático!!


A Importância Socioafetiva do Recreio

Rosemary Kaspary
Supervisora Educacional

O recreio, como relato de experiência, se deu por considerar que este momento, tão esperado no dia a dia da escola, possui componentes importantes para o exercício da cidadania, da aprendizagem informal e prática de atividades físicas de forma descontraída, exercitando o corpo, o respeito e a convivência social, onde a escola é o primeiro local desta interrelação na vida do ser humano.

Aprendendo a Conviver Socialmente

No pátio da escola, mais precisamente no recreio, existe uma convivência cultural onde os sujeitos se socializam entre si, com suas diferentes formas de organização espaço culturais.
Não há muitos trabalhos desenvolvidos com o objetivo de problematizar o recreio escolar, o qual, se comparado com outras temáticas pedagógicas, institucionais ou curriculares da escola, parece ter sido menosprezado. Parece também que este espaço é entendido como um momento que serve de intervalo para a rotina escolar entre as horas de aulas disciplinares, um período que as crianças não estão sob o controle dos adultos.( WENETZ, 2005).
A palavra recreio vem do latim (recreare) que significa divertir, causar alegria, prazer ou brincar. LUFT (2000) refere-se ao recreio como lugar próprio para recrear,divertimento, prazer.
"Bom era o que tínhamos. Um quintal pequeno,torto, barulhento escorregadio e coberto. Sobrevivemos a ele; hoje damos risadas. Mas nos faltaram muitas referencias, muitos sonhos a céu aberto, luz, sol e espaço. Nos faltou a coragem para correr, brincar sem ter medo de escorregar". (CARVALHO, 2002 P.11)
A criança que permanece durante quatro horas em sala de aula, em atividades cognitivas, tem apenas quinze ou vinte minutos de atividade lúdica e de socialização onde também aprende a conviver, se expressar e relacionar-se com seus pares, sendo, muitas vezes, o único espaço que tem para aprender o exercício da cidadania, respeito ao próximo e a livre expressão corporal informal.
Há que pense que o recreio não seria necessário existir, pois os educandos ficam “muito agitados” e o restante do turno torna-se improdutivo, pois o professor tem dificuldade em “dar aula com tranquilidade”.
Mas é neste espaço que a aprendizagem relacional se intensifica. Se os adultos contribuem como parceiros desta ação, orientando na convivência dialógica, o resultado interfere automaticamente nas atividades do cotidiano escolar e social.
Estando os alunos sob responsabilidade da Instituição, também durante os intervalos ou recreio, esses momentos podem se transformar em excelentes oportunidades para os educadores conhecerem melhor os educandos, assim como para exercerem a sua função educativa.(GOUVÊA,2003).
O recreio tem algumas particularidades que identificam cada comunidade escolar. Cada escola adapta à sua realidade este momento de lazer, orientando as atividades através de profissionais, estagiários, amigos da escola, grêmio estudantil ou simplesmente deixando que os próprios educandos criem seu lazer. Caracterizado por conter em seu espaço, quadras, bancos, pracinha, cantina, espaços vazios, etc., onde crianças e adolescentes correm, brincam, jogam, conversam, leem, comem seu lanche, enfim, cada um ou cada grupo misturado ou separado por gênero, realizam atividades das mais diversas.
A quadra, há uns anos atrás, era ocupada por meninos, já que o futebol era um esporte praticado em sua maioria pelo sexo masculino. Hoje as meninas praticam com tanta frequência quanto seus colegas. Claro que numa proporção menos agressiva que o jogo causa quando realizado por eles. Numa gestão democrática, onde se prioriza o diálogo e respeito pelos seus pares, nada mais justo que trabalhar as relações de convivência para que todos, independentes do gênero e suas particularidades, possam usufruir de maneira justa e coletiva. Se for do interesse de todos aproveitarem este espaço, também é direito da maioria ocupar toda a área disponível. Nesta condição todos aprendem a conviver socialmente e respeitar as diferenças.
A gestão democracia supõe uma convivência dialógica, onde pensamentos distintos devem ser levados em consideração, já que a atualidade não permite que o domínio autoritário se fortaleça através da submissão em massa.
A Constituição Federal estabelece a Gestão Democrática do Ensino, garantindo o direito a participação na construção de uma educação mais humana e autônoma, exercendo a cidadania das pessoas envolvidas.
O gestor democrático compartilha o poder, incentivando o diálogo com a comunidade que está incentivada, atendendo aos interesses da coletividade usando o bom senso em suas atitudes a fim de provocar no educando o gosto pela escola, evitando ou mesmo diminuindo o stress emocional causado pela teoria de conteúdos que faz parte do cotidiano da aprendizagem.
Ter habilidade em administrar conflitos e respeitar as diferenças, pluralidade cultural e dignidade, são os meios pelos quais o diretor alcançará o objetivo social a que se propõe em seu trabalho como gestor democrático.
O bom senso não significa dar total liberdade sem responsabilidade, pois o ser humano precisa aceitar de forma consciente as atribuições que lhe são confiadas a fim de crescer com independência crítica e construtiva.
A educação que respeita seus participantes, sua individualidade e suas ansiedades, tem como retorno a colaboração e participação no processo construtivo do aprender, resultando o acesso e permanência na escola.
Para que este espaço escolar se torne um atrativo recreativo e cultural são necessárias algumas estratégias na construção segura e comprometida por todos os seus participantes. Saber ouvir as opiniões e solicitações, mostrar a importância da responsabilidade no papel de cada um para o bom andamento das novas estratégias que envolverá esta integração, tornará o espaço e tempo a forma prazerosa da integração e sociabilidade, resultando num ambiente envolvente e almejado por todos, sem abrir mão da qualidade no ensino.
Na Legislação, o recreio e os intervalos de aula são horas de efetivo trabalho escolar, conforme conceituou o CNE, no Parecer CEB nº 05/97:“As atividades escolares se realizam na tradicional sala de aula, do mesmo modo que em outros locais adequados [...].O fato do recreio ser considerado “efetivo trabalho escolar”.(GOUVÊA, 2003).
O recreio sempre foi um curto, mas almejado espaço, onde educandos e professores poderiam compartilhar, dialogar e relacionar-se como ser coletivo que necessita esta prática para seu desenvolvimento pessoal e social.
Se o melhor horário da escola é o recreio, por que não torná-lo parte integrante de nosso Projeto Político Pedagógico? Se nosso objetivo na educação é a formação de cidadãos críticos e construtivos, capazes de crescerem autônomos na tomada de decisões, transformando as relações interpessoais mais humanas, onde o respeito pelos seus pares possa contribuir para uma sociedade menos violenta e mais feliz, por que não iniciar esta caminhada no dia a dia da escola.
Trabalhando como gestora em escola pública, o horário do recreio sempre foi um momento de preocupação. Aqueles quinze minutos “pareciam não passar nunca”. Havia muita correria, brigas e pior, com apenas uma quadra esportiva, somente os mais “fortes” a usufruíam. Aos demais restava sonhar em poder, algum dia, brincar naquele espaço... Muitas foram as tentativas de evitar que alguns não se tornassem excluídos, mas tivessem a mesma oportunidade sem levar em conta a “habilidade superior” de poucos. Montou-se um esquema, onde a quadra era dividida por grupos em cada dia da semana. Contudo o problema não se resolveu, pois o grupo dominante que jogavam sempre, era o mesmo causador da indisciplina quando não estavam na quadra. Portanto era necessário mais do que dividir o espaço de forma democrática. Tinha que ocupar aqueles educandos “agitados”. Foi então que o diálogo informal, durante o recreio, se fez presente para descobrir os anseios e expectativas. Alguns gostavam de música, outros já preferiam os jogos de mesa, também a leitura tinha seus encantos aos mais introvertidos. Só que os quinze minutos não eram suficientes para este momento de aprendizagem relacional. Cada um tinha que ir ao banheiro, comer seu lanche... E o momento da conversa e da brincadeira seria quase inexistente!
As relações humanas iniciam na escola, principalmente quando esta se localiza em zona rural. A distância entre os vizinhos é muito longa. Chega, muitas vezes, a percorrer a distância de um a sete quilômetros entre si. Na zona urbana, a violência cada vez mais presente, a informática e a redução da prole nas famílias tem mantido a distância neste relacionamento social fora da escola. Por isso tem se tornado um ambiente de encontros e troca de experiências no cotidiano social. É neste espaço que os educandos formam sua postura social futura.
Se a educação não proporcionar esse diferencial de crescimento pessoal e cultural, o educando acaba sendo o depositário de conteúdos estáticos e fragmentados.
Ao deparar-se com a necessidade de fazer da escola, também, um ambiente socializador, poderá contribuir para uma aprendizagem socioeducativa com as diferentes faixas etárias, trocando experiências das mais diversas dimensões lúdicas e culturais.
Já foi comprovado que o cérebro não consegue captar informações de forma integral após duas horas de concentração ininterruptas, quanto mais sendo estendido este tempo para 4h/a.

Recreio Prolongado: Melhorando as Relações Humanas

Com a experiência do recreio prolongado, as brigas terminaram, as amizades se ampliaram e o aproveitamento e rendimento escolar tornaram-se significativos, influenciando diretamente no comportamento geral dentro e fora da escola. Os educandos tiveram suas atitudes indisciplinadas amenizadas, os professores trabalharam com mais empolgação, pois ao encerrar o período do recreio ninguém solicitava mais tempo, pois a nova consciência e responsabilidade faziam parte da combinação realizada em plenário. O que antes era problema (voltar à sala de aula) agora se tornara compromisso satisfatório de todos.
Tornar a escola um ambiente onde a quantidade de conteúdos é mais importante que a qualidade das relações que envolvem os sujeitos nela inseridos, faz com que a teoria não esteja em concordância com a prática. O velho discurso “faça o que eu digo...” impõe um autoritarismo burocrático que foge dos objetivos da Pedagogia da Autonomia, onde “ensinar exige respeito, ética, bom senso, humildade, generosidade carinho, comprometimento, alegria, esperança e diálogo” por parte daqueles que são os norteadores de um futuro educativo mais humano.
O que presenciamos, de um modo geral, são recreios agitados e muitas vezes impraticáveis. Mas será que os educandos estão correndo tanto para ter a sensação de estar aumentando o seu tempo? Parece que correndo muito, chega-se mais rápido a um lugar e ao mesmo tempo, podem-se explorar muitos lugares em pouco tempo! “Se este tempo, cronometrado, é curto, então vamos correr muito para aproveitar tudo! Mas, se a escola dá o tempo suficiente para explorar meu espaço, brincar e me relacionar com os demais, para que vou correr tanto?!”
Certamente a palavra “correr” no texto quer dizer:correr para aproveitar tudo em pouco espaço de tempo... e não correr como exercício aeróbico.
Para que o gestor tenha sucesso nesta proposta é necessário, antes de tudo, dialogar, descobrir com sua clientela as reais necessidades e aspirações sobre seu papel na sociedade escolar, transformando o ambiente num local de confiança e cumplicidade educativa, onde todos tem um mesmo fim: a Educação Cidadã.

Referências:

CARVALHO, A.F.Escolas, Espaços e Pessoas.São Paulo: Cedac,2002
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. 35ª ed.São Paulo:Paz e Terra,2007
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.Recreio como Atividade Escolar.Distrito Federal:CNE,2003
PROGESTÃO.Como Promover, Articular e Evolver a Ação das Pessoas no Processo de Gestão Escolar?Brasília:Consed,2001.
WENETZ, I.As Relações de Gênero no Espaço Cultural do Recreio.Revista Digital,2005.

Postado por ROSEKASPARY PEDAGOGA às 09:46.
 

8 de jul. de 2010

Dicas espertas para as Férias!


http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/crian%C3%A7as-livre-f%C3%A9rias.html

Férias da garotada!
 Dicas espertas para seus filhos aproveitarem a pausa com atividades variadas, muito descanso e sem exagerar no uso do videogame e do computador.

Cynthia Costa


Não encher a criança de compromisso mas também mantê-la ocupada é o segredo. Férias. Para as crianças, é um dos períodos de descanso do ano. Agora é esquecer um pouco a escola e só pegar em cadernos daqui a um mês. Essa mamata toda, porém, assusta um pouco os pais. O que fazer com os pimpolhos em todo o tempo livre? A preocupação é justificada, mas a boa notícia é que existem, sim, diversas formas interessantes de entreter a garotada e, de bônus, ainda reforçar os laços familiares. Só é preciso um pouco de dedicação, isto é, nada de largar a tarefa para o playground do prédio e os fiéis companheiros eletrônicos - videogame, TV e computador.
"O segredo é não encher a criança de compromissos e, ao mesmo tempo, também não a deixar totalmente desorientada", aconselha a psicopedagoga Tânia Ramos Fortuna. O ideal, portanto, seria programar viagens, passeios culturais, visitas aos amiguinhos e afins, mas sem lotar os dias de seu filho a ponto de nunca deixá-lo sozinho e livre para escolher o que quer fazer. "As crianças não são senhoras de seu tempo e, hoje, acabam às vezes escravizadas até pelo prazer, com tantas idas a lanchonetes, cinema e festinhas. Os pais podem e devem co-responsabilizar os filhos por suas férias, perguntando a eles o que querem fazer", complementa Tânia, que é coordenadora do curso de extensão "Quem quer brincar?", da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O equilíbrio também é bem-vindo na seleção de atividades. Dias de chuva pedem brincadeiras indoor? Pois nos dias de sol não deixe de ir andar de bicicleta no parque. Quer dicas mais específicas? O Educar para Crescer conversou com especialistas e reuniu sugestões exclusivas para as férias de seus filhos. Aproveite!


1) Diversão em família: As férias são uma boa oportunidade de a criança conviver com os parentes e ter novas experiências e aprendizados
2) Diversão na vizinhança: Nada de TV, as crianças podem aprender muito mais nas férias ao explorar a vizinhança
3) Diversão com seus filhos: Sugestões de atividades e brincadeiras para aproximar você de seus filhos
4) Diversão com os livros: Como fazer com que os livros também façam parte das férias sem que a leitura se torne tarefa chata
5) Diversão à moda antiga: Esconde-esconde, corre-cotia, passa-anel... Lembra as brincadeiras da sua infância? Elas são ótimas para tirar as crianças da frente da TV!
6) 10 brinquedos eletrônicos que as crianças adoram: De laptop infantil a globo interativo, de sudoku a minimesa de música: idéias para fazer a alegria da garotada
7) 10 brinquedos que você pode fazer: Pipa, cinco marias, pé de lata... como fazer brinquedos artesanais para as crianças
8) 10 sugestões para presentear bebês: Cada fase do desenvolvimento infantil permite que os pequenos aprendam (e muito) com vários modelos
9) Férias no museu: Saiba quais são as 20 atrações mais educativas do Brasil


FONTE: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/dicas-ferias-409153.shtml

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